Aos 8 anos, Ana Laura Pettenuci se incomodou ao ver que na Escola Municipal Alvehi Alves de Assis, onde estuda, em Loanda, não tinha um parquinho para os momentos de lazer dela e dos colegas de classe. Foi aí ela teve a ideia de conversar com os pais, Amanda Pettenuci e Ricardo Pettenuci e sugerir a construção.
"Ela chegou em mim e disse 'mãe, na minha escola não tem parquinho e lá tem muito espaço, vamos pedir para o vô fazer?'. Meu sogro, Gerson Pettenucci já construiu casinha na árvore, parquinho, brinquedos e até moradias. No entanto, eu expliquei para ela que o problema não era somente fazer, precisaríamos de dinheiro e mão-de-obra de mais pessoas e isso seria impossível no momento", explica a mãe.
Ana Laura e a mãe Amanda.
Mas a garotinha foi persistente e não desistiu com a negativa da mãe. O espírito de empreendedora da Ana Laura falou mais alto e ela logo pensou em uma solução. "E se eu vendesse alguma coisa para construir?", sugeriu aos pais.
Sem querer desanimá-la, Amanda concordou com a filha, sem acreditar muito que ela levaria a ideia adiante. "Eu respondi que seria ótimo e que ela estaria ajudando centenas de crianças com a ação, pois o parquinho não era só ela que iria usufruir", lembra.
Ana Laura começou a pensar no que poderia fazer para concretizar a ideia. Muito vaidosa e criativa, sempre gostou de confeccionar acessórios e itens de decoração e estava ali a solução para ter o parquinho que tanto queria. "Ela disse, 'mãe, já sei! Você me ajuda a fazer pulseiras de miçanga?'. Claro que eu disse sim, mesmo sem acreditar muito que daria certo", se recorda a mãe.
A menina então começou a fazer as pulseiras e a procurar inspirações de parquinhos na internet. Em março deste ano convidou um casal de amigos da família, Patrícia e Vinícius, que tem uma marcenaria, para uma reunião em que apresentou a ideia e pediu ajuda na construção.
"Eles ficaram encantados com a ideia e a criatividade e acabaram até comprando acessórios naquela noite da reunião. Foi a primeira venda oficial dela", lembra a mãe.
Os empresários ficaram encantados com o projeto e vendo que não pararia por ali, o pai da Ana, Ricardo, começou a procurar novas parcerias, com amigos da área da marcenaria e do ramo madeireiro, que contribuíram com mão-de-obra, com materiais a preço de custo e até com doações. Aquilo que precisaram pagar, utilizaram o dinheiro da venda das pulseiras.
"Juntando os itens e a força dos voluntários, em agosto começamos a construção. Hoje, o parquinho está pronto e ficamos muito felizes com a ação. Sempre falei para a Ana Laura que podemos transformar o mundo, só precisamos ter a inciativa sem esperar nada em troca. Por menor que seja a ação, com o tempo elas tomam proporção e um dia mudam a vida de alguém", comemora a mãe de Ana Laura.
Fotos: Elvis Costa
